Uma cidade moldada por diferentes estilos arquitetônicos ao longo de suas sete décadas de história. Arapongas completa, mais precisamente, 71 anos neste dia 10 de outubro, data da emancipação política de Londrina. As formas das edificações, algumas tão peculiares, se embaralham facilmente em meio aos projetos atuais, passando quase que despercebidas aos olhos mais apressados.
Para ajudar nessa missão, a arquiteta Valéria Piassi saiu às ruas com o objetivo de identificar verdadeiras pérolas da arquitetura araponguense. “É comum nos esquecermos de observar prédios que estão em nosso meio há muito tempo. A rotina deixa tudo um pouco mais comum do que deveria”, observa.
No aniversário de Arapongas, Valéria faz uma pequena viagem no tempo e revela detalhes de alguns dos prédios que fazem parte do acervo arquitetônico de Arapongas. Acompanhe essa viagem!
Caixa d’água – A primeira parada é a Caixa d’água de Arapongas, localizada na Praça Pio XII, na Avenida Arapongas, que em claras referências modernistas. Sem dúvida, o volume do reservatório de água é um marco que chama a atenção. Seu formato passaria despercebido não fosse o plissado em concreto (ziguezague) que dá um aspecto de obra artística fugindo totalmente de um simples elemento funcional. Aliado a isso temos a altura (necessária para bom funcionamento) que impõe respeito e permite que apareça em meio aos galhos mais altos das árvores que a rodeiam.
Igreja Matriz – Construída no ponto central da cidade, a Igreja Nossa Senhora Aparecida, mais conhecida como Igreja Matriz, é um ícone de Arapongas. Não é possível transitar pela Avenida Arapongas sem notá-la. O edifício chama a atenção pelas dimensões, altura e localização. Carregada de molduras, curvas e simetria, o Santuário Nossa Senhora Aparecida possui o genuíno aspecto de um edifício sacro com uma linha tênue entre o estilo barroco e o neoclássico. A construção da igreja como conhecemos, hoje em dia, teve início em 18 de outubro de 1947 e no dia 8 de dezembro de 1954, o padre Paulo Speiser rezou a primeira missa no templo.
Mercado Municipal – Talvez você nunca tenha notado a fachada deste edifício na Avenida Arapongas. Ao caminhar pelo passeio público, enxergamos apenas uma linha da fachada que está tomada por placas de lojas de diversas cores e formatos. Mas, ao se afastar um pouco, pode-se ver o edifício como um todo e seu potencial estético escondido. O prédio, construído na década de 1950, possui traços do modernismo e toda a sua fachada é destacada por um único elemento: os brises. Esses elementos horizontais escondem as janelas ao mesmo tempo em que as protegem do sol e criam no edifício uma casca marcante com linhas horizontais.
Prédio com linhas curvas – Caminhando um pouco mais podemos encontrar outra pérola escondida entre fachadas retas e simples, o edifício onde atualmente é a Loja Romera, também na Avenida Arapongas. Mais uma vez é preciso se afastar um pouco para conseguir a visão da sua fachada por completo. O prédio de três andares possui a presença de curvas em simetria aliados ao uso de molduras e marquises de proteção que, mais uma vez, fazem referência ao estilo Neoclássico. No eixo central, o destaque vai para o balcão (sacada) com seu guarda corpo carregado de molduras.
Anfiteatro Oduvaldo Vianna Filho – O Teatro Vianninha, como é conhecido popularmente, faz parte do centro Cultural Érico Veríssimo e divide a Praça Cacilda Becker com a Biblioteca Pública Machado de Assis. Com fachada moderna e peculiar, o Anfiteatro, após uma manutenção e revitalização, passaria facilmente por um edifício de pouca idade para os que não conhecem a cidade, porém sua inauguração data de 6 de novembro de 1976. Esse aspecto aliado à funcionalidade interna e boa acústica enriquece o edifício que faz parte do principal acervo arquitetônico de Arapongas. Sua fachada externa é marcada por apenas dois elementos: a transparência do vidro e o ritmo do tijolinho que reveste todo o volume. É a simplicidade de elementos e o peso da forma que dão a esse prédio tanto valor estético.
Biblioteca Municipal Machado de Assis – Localizada na mesma praça que o Anfiteatro Oduvaldo Vianna Filho, o edifício também segue os aspectos modernos. A biblioteca marca a praça com uma linha horizontal extensa e translúcida. O vidro, presente em toda fachada principal, compete apenas com a força do brise metálico com elementos verticais utilizados para proteção solar. É um prédio simples e imponente, mas talvez o que chame mais atenção esteja dentro. A imensa escada curva em concreto é o principal elemento existente no átrio central do prédio e dá acesso a parte superior localizada no mezanino.
Igreja Sagrado Coração de Jesus – Localizada na comunidade nipo-católica Colônia Esperança, a Igreja Sagrado Coração de Jesus tem mais de 70 anos de atividade e uma riqueza arquitetônica que chama a atenção. Sua fachada simétrica, com elementos da arquitetura colonial, pouca altura e alguns elementos de decoração, como molduras nas janelas e detalhes nas colunas do átrio de entrada, dá ao edifício um aspecto de sacralidade e proteção. No espaço interno, a Igreja chama atenção pelas cores e riqueza de detalhes, como o forro quadriculado no teto e os elementos marcantes que compõem as colunas e pórticos internos.
Por: Assessoria
Arquiteta: Valéria Piassi